domingo, 12 de setembro de 2010

O caso da Fotografia Misteriosa

Neste Domingo, 12 de Setembro, abro o Fotolog e dirijo-me ao da minha amiga e prima, Amélia Monteiro, para encontrar esta fantástica fotografia:


O intróito da página de Amélia para este dia, começa assim:
"Achei interessante esta foto "preta" encontrada no fundo do baú e lembrei-me de fazer uma cópia. A foto foi feita no Fogo mas não sei onde teria sido revelada. Trata-se de uma foto feita sobre um papel brilhante e negro e a foto em si é só uma leve película que parece uma gelatina fina colocada sobre o fundo negro. Na reprodução não se nota bem. Olhando para o lado esquerdo a mancha preta é um pedaço da tal gelatina que já saiu. Quem conhece este sistema?"
Esta foto de 1933, é de Agnelo Henriques e António Macedo Barbosa, com suas respectivas famílias à frente. Agnelo Henriques foi um dos fundadores dos Sokols de Cabo Verde. Independentemente do imediato aproveitamento da foto para ilustrar a árvore genealógica que desenvolvo, (pois todos os da foto são parentes meus), fiquei curioso sobre o sistema desta fotografia misteriosa, que me fazia lembrar as tiras hawid que usava em filatelia para fixar os selos nas páginas dos álbuns.

Estas tiras são constituídas por duas películas plásticas, uma negra e aderente e outra transparente. Cortava-se (com uma guilhotina) a tira à medida do selo e introduzia-se este entre as películas com, obviamente, a face virada para a película transparente. Colava-se então a parte adesiva da película negra, no rectângulo do álbum reservado ao selo em questão. A parte negra e brilhante do fundo surgia circuncidante ao selo, dando a este todo o merecido realce e a parte transparente conferia uma muito melhor protecção que a das mais clássicas e baratas charneiras.

Ainda me lembro da alegria que tive ao colar um exemplar do primeiro selo de Cabo Verde na primeira página do álbum de selos da então província de Cabo Verde. O valor facial mais baixo dessa edição era o de 5 reis. Um selo gravado a branco sobre fundo negro, com a coroa portuguesa ao centro. Foi pena não ter podido completar a série destes selos, que foram lançados em Cabo Verde no dia 12 de Setembro de 1877, fazem hoje precisamente 133 anos. Resta-me o consolo de ter podido adquirir o envelope do primeiro dia dos selos comemorativos do "centenário do selo cabo-verdiano". Eis digitalizado o envelope que menciono:


Voltemos agora à fotografia que Amélia publicou. Mantém-se o mistério da técnica utilizada. Na realidade em 1933 já esta técnica estava ultrapassada, mas em Cabo Verde desse tempo, as coisas levavam muito tempo a serem usadas e as inovações demoravam a chegar. A técnica em questão era a do ferrotipo, inventada em 1853 e posta de lado no fim do século XIX:
"Processo constituído por um negativo de chapa húmida de colódio com um fundo escuro para a formação do positivo; mas ao invés de usar verniz ou pano escuro, era utilizada uma folha de metal esmaltada de preto ou marrom escuro, como suporte do colódio"
Veja o todo deste extracto (aqui)
Eis que se desvendou "O caso da Fotografia Misteriosa". Porém, não posso deixar de recordar um dos livros da colecção Vampiro que ostentava este mesmo título e que guardo religiosamente na ala da minha biblioteca dedicada aos livros policiais de Erle Stanley Gardner, um dos meus autores preferidos. Vejamos a sinopse:
" Livro de mistério policial lançado em 1934 da série Perry Mason pelo autor prolífico Erle Stanley Gardner. Um artista que promove concursos de beleza em cidades pequenas da Califórnia convence os comerciantes locais a doarem dinheiro para o evento, e à vencedora é prometido um contrato para um filme em Hollywood. N verdade, nenhum contrato existe, e o promoter evade-se com o dinheiro. Diversas mulheres jovens já cairam nesse esquema quando o Perry Mason é empregado para encontrar um delas, Marjorie Clune, que trabalhou no esquema e está tentando ela mesma sucesso em Hollywood. O promoter inescrupuloso do evento é assassinado e então, Marjorie transforma-se na principal suspeita."
Aquando da minha estadia nos Estados Unidos para fazer o PhD, tive o ensejo de desfrutar de várias "cerejas no topo do bolo" ao seguir as séries televisivas de Perry Mason, quer as a branco e preto (dos anos 60) quer as modernas, a cores (dos anos 80). Ambas eram protagonizadas pelo insofismável actor canadiano Raymond Burr. Sendo hoje o 17º aniversário do seu falecimento, deixo-vos com este clip, em homenagem ao fantástico actor:


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