Ontem, após algumas horas a seguir os programas do TV5 Monde (devido à chuva não houve "Baía

Au clair de la lune, mon ami Pierrot
Prête-moi ta plume, pour écrire un mot.
Mais precisava do "mot" que da "plume"! Olhei para o coreto vazio e imaginei-o mais tarde com a banda municipal a tocar suas animadas e sonoras peças, à base de clarinetes, tubas, trombones, cornetas e trompetes, muito "sopradas" para o meu gosto.

"Foi membro do Conselho do Governo em 1917; presidente da Câmara Municipal do Fogo (1922) e presidente da Câmara Municipal da Praia (1923-28), tendo dado um grande avanço aos trabalhos municipais desde obras no mercado ao melhoramento da luz eléctrica, da banda de música ao calcetamento das ruas."
Abílio de Macedo foi um homem multifacetado: político, maçon, autarca, comerciante, proprietário, armador, director de jornal, etc. Mas, das minhas recordações, me lembro que foi um grande amigo da nossa família. Era padrinho de minha mãe e reinava uma profunda e real amizade entre ele e meu avô Antoninho, seu compadre. Após a "... exoneração do cargo de presidente da câmara, concedida em 25 de Maio de 1928 e a renúncia do mandato de vogal do Conselho do Governo, concedida em 26 de Maio de 1928" Abílio Macedo mais se dedicou à actividade comercial. Como armador, conhecia bem as leis marítimas e chegou a arrematar em hasta pública, todo o conteúdo de um navio americano que encalhara nos mares da Boavista. Nesta carga, constavam duas ou três vitrolas, que Abílio não vendeu, tendo oferecido uma ao meu avô Antoninho para que este melhor decorasse a sala da sua recém adquirida (1930) casa (esta onde moramos).
E é desta vitrola que vos quero falar hoje, máquina lançada pela Victor Talking Machine Company no mercado americano, em 22 de Agosto de
1906 (fazem hoje 104 anos). Em criança ouvia os mais velhos chamar ao mono, de gramofone (só recentemente vim a saber que estavam enganados pois gramofone eram os de corneta externa, sem caixa de ressonância). Eu adorava esquivar-me para a sala de visitas (geralmente fechada) para ir colocar os discos de 78 rotações no "gramofone" e fazer passos de dança ao som de fox-trots e valsas.
Minha mãe brigava, pois tinha medo que me ferisse com as agulhas de aço enferrujadas. "Podes apanhar tétano", dizia ela ao mesmo tempo que me fazia sair da sala. Algum tempo depois começou o período de vacinas e lá ia eu insistindo para tomar a do tétano. Assim foi feito, na Cruz Vermelha da cidade (era onde naquele tempo se ministravam vacinas) e fiquei por isso mui grato à instituição (que completa hoje 146 anos), pois já podia tocar o "gramofone" a meu bel prazer e a contragosto de minha mãe.
Mas, um belo dia, ao abrir a tampa da vitrola, salta-me de lá dentro um lacrau (pequeno escorpião cá das ilhas, creio, já extinto) ! Corri esbaforido para a sala de jantar, onde meus pais iam iniciar o almoço, gritando de medo. Após verificação do ocorrido e de que o aracnídeo não me picara, meu pai de sorriso maroto me tranquilizou enquanto minha mãe sentenciava: "bem feito! assim deixas o gramofone em paz!"... e deixei mesmo (até regressar da faculdade, quinze anos mais tarde).
Apresento-vos então "O GRAMOFONE":
Com
o "clair de lune" girando no meu cérebro, procurei se porventura esta ária de Debussy se encontrava entre os inúmeros discos de 78 rotações que eram guardados em compartimento próprio da vitrola. Não encontrei. Pena! ... os violinistas do Festival da Baía das Gatas bem ma poderiam tocar, nesta
noite de luar em que se celebra o 148º aniversário do nascimento deste grande compositor francês.
Não faz mal! Encontrei uma excelente interpretação do "Clair de Lune" tocada por um violinista. Ofereço-vo-la em guisa de despedida:
E é desta vitrola que vos quero falar hoje, máquina lançada pela Victor Talking Machine Company no mercado americano, em 22 de Agosto de

Minha mãe brigava, pois tinha medo que me ferisse com as agulhas de aço enferrujadas. "Podes apanhar tétano", dizia ela ao mesmo tempo que me fazia sair da sala. Algum tempo depois começou o período de vacinas e lá ia eu insistindo para tomar a do tétano. Assim foi feito, na Cruz Vermelha da cidade (era onde naquele tempo se ministravam vacinas) e fiquei por isso mui grato à instituição (que completa hoje 146 anos), pois já podia tocar o "gramofone" a meu bel prazer e a contragosto de minha mãe.
Mas, um belo dia, ao abrir a tampa da vitrola, salta-me de lá dentro um lacrau (pequeno escorpião cá das ilhas, creio, já extinto) ! Corri esbaforido para a sala de jantar, onde meus pais iam iniciar o almoço, gritando de medo. Após verificação do ocorrido e de que o aracnídeo não me picara, meu pai de sorriso maroto me tranquilizou enquanto minha mãe sentenciava: "bem feito! assim deixas o gramofone em paz!"... e deixei mesmo (até regressar da faculdade, quinze anos mais tarde).
Apresento-vos então "O GRAMOFONE":
Com


Não faz mal! Encontrei uma excelente interpretação do "Clair de Lune" tocada por um violinista. Ofereço-vo-la em guisa de despedida:
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