Com tiragem aos Domingos (periodicidade nem sempre regular), este Blog muito próprio, insiste em dar voz ao lado não profissional de mim mesmo. Nele escrevo sobre assuntos mundanos e corriqueiros, meus hobies e interesses: Genealogia, Gastronomia, Filatelia, Numismática, Malacologia, Entomologia, recordações de infância e juventude, animais de estimação, imagens antigas (este fundo é o da praça Alexandre Albuquerque na época em que nasci, sendo minha casa a 2ª a contar da esquerda), etc.
É com muito orgulho e nostalgia à mistura, que evoco os bons velhos tempos de estudante da Universidade do Arizona.
De 1986 a 1990 estive em Tucson, a segunda maior cidade do Arizona, a fazer o Doutoramento em Ciências do Solo e da Água. Após um ano longe da família, mandei buscar minha mulher e meu filho Marcos (com 3 anos de idade). O ambiente era muito bom, porque a malta estudantil cabo-verdiana era razoável e nos dávamos muito bem. O custo de vida nessa cidade era muito mais baixo do que nas demais cidades onde havia estudantes cabo-verdianos, pelo que vivíamos muito bem. Eu, minha mulher e filho morávamos num condomínio fechado com todas as mordomias , incluindo piscina e ginásio.
A malta cabo-verdiana dava-se bem com outros estudantes africanos e tínhamos também amigos mexicanos. Não faltavam pretextos para organizar pequenas festas onde nos divertiamos bastante. Os aniversários eram bons pretextos, bem como os momentos natalícios. Faltava a tradição do Carnaval, pelo que éramos obrigados a seguir a festa do Halloween (Dia das Bruxas.)
Deixar-vos-ei agora com um pequeno clip de um dos momentos passados há já uns bons 18 anos:
Receita muito antiga, bolo preferido de minha mãe, que o fazia de vez em quando, agora recuperada e melhorada por Garda (minha mulher).
Porque se chamaria "Panamá"? Não se esqueçam que esse país é produtor de cacau (aliás os efeitos terapêuticos do cacau, foram primeiramente observados em índios panamenhos) e muitas receitas panamenhas usam o cacau directamente retirado das sementes do fruto, acabadinhas de torrar!
Antes de irmos para a receita, devo-vos dizer que é um bolo (a torta não foi enrolada mas acamada como um bolo) extraordinário, digno "de se tirar o chapéu". Esta expressão idiomática ser-vos-á convenientemente explicada após um clique na frase. Porém, o chapéu a tirar, não seria bem o do Panamá: clique em "Chapéu do Panamá" para conhecer a história desse famoso chapéu.
Torta Panamá melhorada por Garda
150g de açúcar
6 ovos
2 colheres e meia (de sopa) de chocolate
150g de nozes moídas
Batem-se seis gemas com 150g de açúcar, até se obter uma consistência de pão-de-ló. Depois de bem batida, juntam-se as 2 colheres e meia (das de sopa) de chocolate (de preferência ralado a partir de chocolate em barra), 150g de nozes moídas e por último, as seis claras batidas em castelo (bem firmes) mexendo lentamente (este é um dos segredos). Verter a massa num tabuleiro levemente untado e enfarinhado rectangular e levar ao forno (pré-aquecido) durante 30 minutos. Depois de assado, em vez de o enrolar como uma torta, cortar ao meio (de modo a ter quase dois quadrados) e empilhar as duas partes em sanduíche com um recheio chocolatado (que servirá também de cobertura.
Recheio:
Batem-se 150g de açúcar e 150g de boa manteiga, até ficar em creme fino. Juntam-se 2 gemas, 3 colheres de sopa de chocolate (em pó ou ralado) e, por último, 1 clara em castelo. Recheia-se e cobre-se com o resto. Decora-se com meias-nozes a gosto.
Estava eu calmamente deitado a olhar para o tecto do meu quarto e a imaginar o que iria partilhar com meus leitores neste blog ("quem me dera ter a capacidade do meu amigo João Branco do Café Margoso", cogitava), quando, por coincidência, senti um aromático odor a café, que teimava a acompanhar a brisa que pela porta de meu quarto entrava. Dei um salto, qual Arquimedes e seu Eureka! e de CiberShot em riste fui à varanda (sobranceira ao quintal) captar as imagens das quais a cena ao lado é elucidativa ilustração: "A empregada Lena torra o café do Fogo acompanhada pelo caniche Dan's".
Regressei ao meu leito inspirativo, liguei o tablet PC que poisei sobre minha barriga, conectei-me à Internet sem fios da Praia-Digital (ex internet do Filú) e comecei a pesquisar um pouco sobre esta minha paixão... o café. Entretanto, visitei o Café Margoso e depois o Mário Persona Café, dois cafés da blogosfera que sobre a preciosa bebida pouco falam, mas que do nome se servem para nos deleitar com aromáticas crónicas e as mais diversas originalidades. Reparei então, que tal como a maior parte dos bloguistas cabo-verdianos, eu só tinha neste blog, links para blogs CV. Tratei logo de fazer justiça ao Mário, colocando um link para o seu Persona Café brasileiro, que há dois anos me entretém com suas saborosas crónicas sarcásticas mas geniais sobre os mais diversos assuntos. O Café de Mário serve-lhe de pretexto para nos presentear no fim de suas crónicas com a resenha de um livro cujo teor está intimamente ligado ao objecto da crónica escrita. Chamarei a este Café o Café Dóxi, para contrapor ao Margoso de João. Embora diferentes estes dois sites têm muito em comum, pelo menos o talento de seus escribas. Coloco na parte final da faixa lateral deste Blog, um feed que absorve a crónica mais recente de Mário.
Passemos agora ao precioso líquido. João Branco, no entróito de seu Café, mostra apreciá-lo sem açúcar. Porém, o café é apreciado das mais diversas maneiras e consoante as culturas e gostos. Minha avó paterna (do Fogo) não lhe punha muito açúcar e bebia-o fumegante; minha avó materna misturava-o com chicória e bebia-o com leite. Minha sogra, introduz mais de cinco colheres-de-chá de açúcar para que possa raspar no fim a "papa doce e melada aromatizada a café".
Os Lisboetas preferem beber um expresso com açúcar: a famosa bica. Há quem diga que bica é o acrónimo de Beba Isso Com Açúcar, slogan inventado pelo café lisboeta A Brasileira, que inicialmente mal vendia o amargo cafèzinho.
Gosto de dar uma de minha graça contando coisas sobre o café. Porém, hoje só darei algumas dicas e factos comprovados sobre o aroma e o gosto desta bebida:
O aroma e o gosto do café, nada têm a ver com a cafeína. As diferentes substâncias que compõem esse gosto, formam-se durante o processo de torrefacção. São no entanto muito frágeis, sensíveis ao excesso de temperatura e voláteis.
Devemos então fornecer bastante oxigénio ao torrar o café. Por isso deve-se mexer constantemente os grãos durante o processo, para que eles estejam sempre em contacto com o ar e não aqueçam em demasia. Vejam o vídeo que se segue:
Oups! Creio que Lena, a empregada, deixou queimar demais o café! Não deve ficar ele preto, mas sim castanho escuro. É que o excesso de calor provoca outras reacções dos citados compostos, que se transformam em outros de gosto amargo. Estas reacções de melanização, ocorrem acima dos 96-97º centígrados (à pressão atmosférica normal).
Convém arrefecer rapidamente os grãos após o término da torrefacção, pois não só teríamos degradação (devido à alta temperatura) como os saborosos aromas voláteis se perderiam no ar. Truque: deitar dentro um líquido frio; mas... água não! Dita-se um cálice de whisky; este tem álcool, evapora-se depressa e o gosto que deixa confunde-se com o amargo do café.
Por agora é tudo meus caros, termino com um dito crioulo:
Alen li: sima café di pobri, ora dóxi... ora margós!
Coincidência ou não, é após 33 anos como país independente, que a jovem República de Cabo Verde está a iniciar, qual Cristo, a sua Ressurreição [em latim (resurrectione), grego (a·ná·sta·sis). Significa literalmente "levantar; erguer"]: Parceria especial com a União Europeia, Graduação a País de Desenvolvimento Médio, entrada na Organização Mundial do Comércio (efectiva no dia 23 de Julho) e um Processo Eleitoral para as autárquicas, sem mácula, com baixa taxa de abstenções e resultados inequívocos.
Porém, 33 anos me deixam pensar que estou a ficar velho, pois nesse tempo, já era eu um jovem com o ensino secundário feito. Lembro-me perfeitamente desse dia, o 5 de Julho de 1975, bem como da cerimónia da proclamação da Independência que se desenrolou no Campo de Futebol da Várzea (hoje Estádio).
Um dia soalheiro (ver também a crónica de Jorge Eurico, colunista do Notícias Lusófonas, aqui), lá estávamos nós, sentados ou de pé nas bancadas de cimento, à espera do início das cerimónias. Estas, começaram com o já proverbial atraso cabo-verdiano. O campo foi se enchendo de tropa e as orlas, de jornalistas e câmara-men. Na tribuna viam-se aqueles "qui bâi qui torna ben", os combatentes da Pátria (vejam a foto anexa a este parágrafo) Pedro Pires (seria o Primeiro-Ministro) Abílio Duarte (o Presidente da Assembleia Popular) e Aristides Pereira (o Presidente da República). Ao lado estava o então Primeiro-Ministro português, General Vasco Gonçalves.
Não havia vento. Chegou o momento da troca das bandeiras. Sob o hino português, lá desceu tranquilamente a bandeira das quinas. Poucos minutos depois o jovem militar Roberto Fernandes, enfiava os cordões na bandeira de Cabo Verde (aquela que nos foi dada a conhecer na véspera e que era quase a bandeira da Guiné-Bissau; a diferença residia em duas espigas de milho que, à guisa dosbigodes de Eça, amparavam a estrela negra e conferiam assim à bandeira, a sua identidade própria). Talvez por nervosismo, a tarefa não parecia fácil e após alguns minutos, lá conseguiu ele, o feito. Começa então, ao som do hino comumao da Guiné-Bissau, a erguer-se lentamente a 1ª bandeira de Cabo Verde. Nisto, se levanta uma boa ventania e muitos exclamavam as mais disparatadas razões para a tal coincidência atmosférica.
Lá fui eu tirando fotos (as desta página por exemplo) dos momentos que achava relevantes e escutava com atenção os inflamados discursos dos dirigentes, guias que detinham a força e a luz do nosso Povo. Estes discursos e estas comemorações tornaram-se prática a cada aniversário da independência que se sucedeu nos cinco anos subsequentes. São também ocasiões para fazer lançamentos de selos e moedas comemorativas. Eu, como coleccionador que era, não pude deixar de adquirir tão preciosas peças:
Selos Envelope do Primeiro Dia de Circulação para o Primeiro aniversário da Independência de Cabo Verde A imagem no selo merece que se oiça a música que se segue:
Envelope do Primeiro Dia de Circulação para o Quinto aniversário da Independência de Cabo Verde
Em filatelia o envelope e o carimbo do Primeiro Dia de Circulação, conhecido pela sigla inglesa FDC, reveste-se de particular importância para o coleccionador. Vejam aqui um dos artigos interessantes a esse respeito.
À semelhança dos FDC, em numismática são lançadas moedas comemorativas. Estas, geralmente em ouro ou em prata, são cunhadas em quantidades diminutas. As poucas que eventualmente venham a circular, são imediatamente recolhidas pelos coleccionadores amadores, fazendo assim aumentar o seu valor de venda numismática. Os coleccionadores mais entendidos, compram-nas à flor de cunho, directamente ao Banco emissor. Eis então a que adquiri nessa altura:
Moeda Moeda em prata, comemorativa do Primeiro aniversário da Independência Nacional
Professor Catedrático e Reitor da Universidade Jean Piaget de Cabo Verde (entre 2006 e 2014) . Doutor (Ph.D.) pela Universidade do Arizona - EUA.
Investigação em Transdisciplinaridade e em Didactica da Química em meio sócio cultural cabo-verdiano./////////// Chair Professor and Rector (2006-2014) at University Jean Piaget of Cape Verde. Ph.D. by the University of Arizona - USA. Research in Transdisciplinarity and Didactic of Chemistry in a cape-verdian socio-cultural environment