Coincidência ou não, é após 33 anos como país independente, que a jovem República de Cabo Verde está a iniciar, qual Cristo, a sua Ressurreição [em latim (resurrectione), grego (a·ná·sta·sis). Significa literalmente "levantar; erguer"]: Parceria especial com a União Europeia, Graduação a País de Desenvolvimento Médio, entrada na Organização Mundial do Comércio (efectiva no dia 23 de Julho) e um Processo Eleitoral para as autárquicas, sem mácula, com baixa taxa de abstenções e resultados inequívocos.
Porém, 33 anos me deixam pensar que estou a ficar velho, pois nesse tempo, já era eu um jovem com o ensino secundário feito. Lembro-me perfeitamente desse dia, o 5 de Julho de 1975, bem como da cerimónia da proclamação da Independência que se desenrolou no Campo de Futebol da Várzea (hoje Estádio).
Um dia soalheiro (ver também a crónica de Jorge Eurico, colunista do Notícias Lusófonas, aqui), lá estávamos nós, sentados ou de pé nas bancadas de cimento, à espera do início das cerimónias. Estas, começaram com o já proverbial atraso cabo-verdiano. O campo foi se enchendo de tropa e as orlas, de jornalistas e câmara-men. Na tribuna viam-se aqueles "qui bâi qui torna ben", os combatentes da Pátria (vejam a foto anexa a este parágrafo) Pedro Pires (seria o Primeiro-Ministro) Abílio Duarte (o Presidente da Assembleia Popular) e Aristides Pereira (o Presidente da República). Ao lado estava o então Primeiro-Ministro português, General Vasco Gonçalves.
Não havia vento. Chegou o momento da troca das bandeiras. Sob o hino português, lá desceu tranquilamente a bandeira das quinas. Poucos minutos depois o jovem militar Roberto Fernandes, enfiava os cordões na bandeira de Cabo Verde (aquela que nos foi dada a conhecer na véspera e que era quase a bandeira da Guiné-Bissau; a diferença residia em duas espigas de milho que, à guisa dos bigodes de Eça, amparavam a estrela negra e conferiam assim à bandeira, a sua identidade própria). Talvez por nervosismo, a tarefa não parecia fácil e após alguns minutos, lá conseguiu ele, o feito. Começa então, ao som do hino comum ao da Guiné-Bissau, a erguer-se lentamente a 1ª bandeira de Cabo Verde. Nisto, se levanta uma boa ventania e muitos exclamavam as mais disparatadas razões para a tal coincidência atmosférica.
Lá fui eu tirando fotos (as desta página por exemplo) dos momentos que achava relevantes e escutava com atenção os inflamados discursos dos dirigentes, guias que detinham a força e a luz do nosso Povo. Estes discursos e estas comemorações tornaram-se prática a cada aniversário da independência que se sucedeu nos cinco anos subsequentes. São também ocasiões para fazer lançamentos de selos e moedas comemorativas. Eu, como coleccionador que era, não pude deixar de adquirir tão preciosas peças:
Selos
Envelope do Primeiro Dia de Circulação para o
Primeiro aniversário da Independência de Cabo Verde
A imagem no selo merece que se oiça a música que se segue:
Envelope do Primeiro Dia de Circulação para o
Quinto aniversário da Independência de Cabo Verde
Envelope do Primeiro Dia de Circulação para o
Primeiro aniversário da Independência de Cabo Verde
A imagem no selo merece que se oiça a música que se segue:
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Envelope do Primeiro Dia de Circulação para o
Quinto aniversário da Independência de Cabo Verde
Em filatelia o envelope e o carimbo do Primeiro Dia de Circulação, conhecido pela sigla inglesa FDC, reveste-se de particular importância para o coleccionador. Vejam aqui um dos artigos interessantes a esse respeito.
À semelhança dos FDC, em numismática são lançadas moedas comemorativas. Estas, geralmente em ouro ou em prata, são cunhadas em quantidades diminutas. As poucas que eventualmente venham a circular, são imediatamente recolhidas pelos coleccionadores amadores, fazendo assim aumentar o seu valor de venda numismática. Os coleccionadores mais entendidos, compram-nas à flor de cunho, directamente ao Banco emissor. Eis então a que adquiri nessa altura:
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