domingo, 17 de junho de 2007

Caldeirada de Lulas à moda antiga

A lula é um cefalópede (tem os pés na cabeça) bastante apreciado em Cabo Verde, embora outro cefalópode, o Polvo, seja mais popular.

Podemos encontrar inúmeras receitas deste molusco pela Internet fora, mas eu não resisto em vos apresentar este divino prato que minha avó fazia baseado numa receita de seu ensebado "Tratado completo de cozinha e copa" uma publicação dos anos vinte do século passado. Vamos então à receita:

Preparam-se as lulas, dando-lhes um golpe com uma tesoura no saco ou manto, tirando-lhes a cartilagem em forma de pena e separando-lhes as cabeças com os tentáculos, que se aproveitam assim como os mantos. Lava-se tudo muito bem para fazer desaparecer umas películas coradas que cobrem o manto, de modo que os bocados fiquem todos "brancos". Tempere as lulas com sal (molho de soja é melhor) e vinho branco.

Faz-se um refogado com azeite do bom, cebola, salsa picada e pimenta. Quando a cebola aloirar, deitam-se-lhe os bocados das lulas e passam-se no refogado, acrescenta-se este com tomate e deixa-se ferver até que as lulas estejam bem macias e o molho bem apurado.

Serve-se em prato aberto, decorado com folhas soltas de salsa. Um vinho verde é de se esperar, mas hoje preferi um simples Mateus Rosé!

domingo, 10 de junho de 2007

A Malacologia e a "malucologia" pelas lulas

"Odjo sima lula trás di cutelo" assim apetecia agora dirigir-me a um fulano (filho meu) que de olhos esbugalhados se encontra ao meu lado a observar-me desferir um golpe de tesoura de cozinha a uma pobre lula (já morta claro!) e a retirar-lhe de seguida a fina cartilagem quase transparente e em forma de pena.

É que, estou a preparar estes cefalópedes para confeccionar no próximo Domingo um prato de lulas à moda antiga, tal como o fizera nesse dia em que me filmavam para o Intimidades tendo dito isso em público, no referido programa

Porém, antes de vos presentear com a receita (no próximo Domingo), eis que tenho a ocasião de falar de Malacologia, o ramo da biologia que estuda os moluscos. A parte mais vistosa deste ramo do saber é o estudo dos gastrópodes e dos bivalves, pois têm espécies com conchas belíssimas de grande interesse para coleccionadores. O nome de Malacologista é também aplicado aos coleccionadores de conchas. Encontramos lindas colecções em museus como o do Aquário Vasco da Gama em Lisboa. A Malacologia foi paixão de muito boa gente, como Jean Piaget que na sua adolescência, se interessou bastante por moluscos:

"Seu interesse por moluscos aparece durante a adolescência quando publicou diversos artigos sobre moluscos, fósseis e zoologia, temas presentes nos estudos que desenvolveu durante toda a sua vida . Tal era sua paixão por este estudo que, naquela ocasião, decidiu que seria um Malacologista."
Deixo aqui um endereço de um site do Instituto Português de Malacologia, onde poderão baixar números de uma revista científica especializada na matéria.

Convido-vos na próxima semana a comerem comigo uma caldeirada de lulas à moda antiga.

domingo, 3 de junho de 2007

Tragamos a claro o Bolo Escuro de Garda !

Eis que Garda faz de novo um passe mágico e ressurge o seu famoso Bolo Escuro. Famoso porque sendo sempre uma delícia, de cada vez que o faz sai com um sabor diferente! Nem ela sabe bem porquê. O certo é que ninguém se queixou até agora.


Bolo Escuro à moda da Garda
  • 300g de açúcar
  • 600g de manteiga derretida
  • 10 ovos
  • 2 pacotes de baking powder
  • 500g de farinha
  • 1/2 chávena de "mel-de-cana"
  • 1 chávena de açúcar queimado
  • 1 chávena de bebidas misturadas: aguardente de cana, vinho do Porto e whisky.
  • 1 chávena e meia de frutas cristalizadas, nozes e corintos (doseados a seu gosto)
  • até (a seu gosto) 1 colher de chá de: noz moscada, de cravinho, de erva doce e de canela
  • Raspa de um limão (lima de preferência)
NB: se não tiver mel-de-cana, use 400g de açúcar em vez de 300g

Derreta a manteiga (não é margarina nem é "Planta") e misture o açúcar (o primeiro segredo está em bater estes ingredientes muito bem!) . Acrescente as gemas uma a uma batendo sempre (guarde as claras para as adicionar no fim, batidas em castelo) .

Após bem batida, adicione a farinha misturada com o fermento (baking powder) e continue a bater. Vêm agora o mel-de-cana, as bebidas e as especiarias (cravinho, etc).

Em seguida, juntam-se as claras batidas em castelo, o açúcar queimado e as frutas cristalizadas, nozes e corintos (ou passas).

NB: as frutas cristalizadas sortidas, os corintos e as nozes devem ser previamente picadas em pedacinhos e enfarinhadas.

Segundo segredo: Deixe as frutas cristalizadas, os coríntios e as nozes, macerar durante um a dois dias, na mistura de bebidas à qual se juntaram as especiarias. No momento da feitura do bolo, coe as partes sólidas que serão de seguida enfarinhadas e verta o líquido na massa do bolo (as adições são nos momentos indicados na receita)

Vai ao forno pré-aquecido, em forma bem untada de manteiga e polvilhada de farinha.

Que tal saborear o bolo com um "Blue Coração", para variar ao clássico vinho do Porto!