A Aplysia dactylomela é um estranho animal marinho que se pode encontrar em quase todo o Atlântico e no Mediterrâneo. Mas o que é digno de realce é que Rang, Sander (1793-1844), o cientista que descreveu esta espécie há precisamente 180 anos, fe-lo sobre um exemplar colhido aqui em Santiago de Cabo Verde em 1828. Assim o nome completo do bicho é Aplysia dactylomela Rang, 1828.
Durante a minha infância, deleitava-me na Praínha (a pequena praia de mar da cidade, frequentada nessa altura pela classe média) a procurar o animal nas "bacias" de água entre as pedras e a provocá-lo com algum objecto pontiagudo para ve-lo soltar aquela cortina de "fumo" roxa e ofuscante. "Meu pai disse que ele se chama rato do mar" elucidara-me um colega de escola que ao meu lado participara da aventura. "Cal rato!.. hi!hi!hi!" troçava um garoto da Achada Santo António ... "quela tchuma: catota'l mar". Excusado será dizer que doravante a curiosidade se tornara maior e gargalhadas comprometidas passaram a acompanhar-nos nas aventuras subsequentes de busca da "ca... " ou melhor, do "rato do mar".
A minha curiosidade científica me fez mais tarde encontrar algumas referencias do animal (não tínhamos Internet) como sendo um molusco gastrópode, hermafrodita e herbívoro, mais conhecido em Portugal por "vinagreira" ou "lebre do mar". Cheguei a ver este molusco ao fazer (já adolescente) mergulhos com óculos e barbatanas. Podem apreciar aqui, um clip do YouTube onde se pode perceber porque lhe chamam de rato ou de lebre do mar, vê-lo a comer "alfaces do mar" e a expelir a tinta púrpura.
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Fascinado, cheguei a casa e fui pesquisar na Internet, tendo encontrado que se tratava da prima do nosso "rato do mar": a "vinagreira negra" ou Aplysia fasciata, Poiret 1789, também existente em Cabo Verde e que certamente foi ela que inspirou o tal nome vernáculo "anatómico":
Durante a minha infância, deleitava-me na Praínha (a pequena praia de mar da cidade, frequentada nessa altura pela classe média) a procurar o animal nas "bacias" de água entre as pedras e a provocá-lo com algum objecto pontiagudo para ve-lo soltar aquela cortina de "fumo" roxa e ofuscante. "Meu pai disse que ele se chama rato do mar" elucidara-me um colega de escola que ao meu lado participara da aventura. "Cal rato!.. hi!hi!hi!" troçava um garoto da Achada Santo António ... "quela tchuma: catota'l mar". Excusado será dizer que doravante a curiosidade se tornara maior e gargalhadas comprometidas passaram a acompanhar-nos nas aventuras subsequentes de busca da "ca... " ou melhor, do "rato do mar".
A minha curiosidade científica me fez mais tarde encontrar algumas referencias do animal (não tínhamos Internet) como sendo um molusco gastrópode, hermafrodita e herbívoro, mais conhecido em Portugal por "vinagreira" ou "lebre do mar". Cheguei a ver este molusco ao fazer (já adolescente) mergulhos com óculos e barbatanas. Podem apreciar aqui, um clip do YouTube onde se pode perceber porque lhe chamam de rato ou de lebre do mar, vê-lo a comer "alfaces do mar" e a expelir a tinta púrpura.
Durante muitos anos me intrigou o nome vernáculo que davam na ilha de Santiago, ao Aplysia. Não via parecença nenhuma com o órgão genital feminino. Até que há poucos dias estava com a família na Praia-Baixo e qual não foi meu espanto ao ver um animal da cor da pele de uma mulata, nadar ao meu lado com a beleza que poderão conferir no clip de vídeo seguinte:
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Fascinado, cheguei a casa e fui pesquisar na Internet, tendo encontrado que se tratava da prima do nosso "rato do mar": a "vinagreira negra" ou Aplysia fasciata, Poiret 1789, também existente em Cabo Verde e que certamente foi ela que inspirou o tal nome vernáculo "anatómico":
Caro Prof. Jorge confesso que vi desde há alguns dias no RSS reader o seu post:
ResponderEliminar"Quão aprasível me foi, encontrar a prima da Aplysia dactylomela",
mas tendo o titulo do post um certo ar cientifico não me inspirou a descobri-lo imediatamente, tivesse tido a feliz ideia de lhe dar um nome menos diplomático (tipo aquele dado pelo garoto da Achada Santo António), iria com certeza bater record de audiência nos primos científicos e não.
De qualquer forma valeu o lirismo anatómico do post.
Adorei o post!
ResponderEliminarEstou postando o Diário de Darwin comentado e vou linkar este seu artigo sobre aplisias. Ele mistura ciência e humor e assim proporciona a divulgação científica de uma maneira muito agradável. Parabéns
Este comentário foi removido pelo autor.
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