domingo, 18 de outubro de 2009

Pobre Eugénio Tavares! foi "alupequiado"



Reparem na atrocidade e no desrespeito pela forma como foram escritos estes célebres versos de Eugénio Tavares ! Não foi assim que ele os escreveu!

Hoje é comemorado em Cabo Verde o Dia Nacional da Cultura:
"No passado dia 29 de Março [de 2005] deu entrada pelas mãos do deputado Jorge Lima Andrade Silva, na Assembleia Nacional de Cabo Verde, o projecto-lei que visa a instituição do dia 18 de Outubro, dia em que se celebra o nascimento do Poeta Eugénio de Paula Tavares, como o Dia Nacional da Cultura"
Como se pode ler no corpo do articulado desse projecto-lei:
"Eugénio Tavares foi a figura cimeira da vida cultural, política e social de Cabo Verde entre 1890 e 1930 tendo nessas três décadas demonstrado o domínio de todas as áreas a cultura do seu povo e tendo sido também, o seu maior interprete até aos nossos dias. A sua vastíssima obra vai da poesia à música, da retórica ao jornalismo, da ficção à política. É o primeiro homem de cultura das nossas ilhas a conseguir dar relevo literário à poesia em crioulo"
E é aqui que bate o ponto: A Caboverdianidade! Sim, este poeta seria posto na prateleira pelos "africanistas extraterrestres" que ainda deambulam pelas nossas paragens, por não ter ascendentes negros, e ser somente descendente de espanhóis (Roiz e Riam), italianos (Nozolini) e portugueses.


Porém, esquecido durante a primeira república e reabilitado por Mascarenhas Monteiro, vê finalmente seu nome indelevelmente associado à Cultura cabo-verdiana, por toda a sua vasta obra mas também ... por em crioulo [nessa época] ter escrito!

É por isso que os "kapas" da citação inscrita no monumento são, a meu ver, uma barbaridade!

2 comentários:

  1. De facto não havia necessidade de ser "alupequiado"... que fosse então afrancesado ou anglicisado? Por comparação: e se retornássemos à escrita do português à antiga?!

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  2. Tenho de discordar no que toca a necessidade de africanidade para se ser Cabo-verdiano...
    Nos Cabo-verdianos somos o nascimento da mistura...não podemos negar a nossa africanidade e nem mesmo o sangue Europeu que nos corre nas veias...nós somos a mistura seja de africanos, Europeus, Americanos ou Asiaticos...o que realmente prevalece é a cultura que nos toma a alma...isso é ser-se Cabo-Verdiano.

    Somos todos Cabo-verdianos, sejamos negros azuis, brancos, rosa ou amarelo...

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