domingo, 20 de janeiro de 2008

Os cones que podem nos levar a "conos"

Esbocei um sorriso ao ler no Liberal Online a seguinte notícia:

"As 50 variedades cabo-verdianas, dispersas pelas ilhas, classificam-se em duas variedades morfológicas – os conos pequenos, que terão chegado ao litoral do arquipélago há 16 milhões de anos, e os grandes, há 5 milhões"
Não pelo conteúdo da notícia mas pela palavra "conos". Naturalmente que foi uma gralha ortográfica do articulista que queria dizer cones e não "conos". Estes cones tratam-se de animais gastrópodes (moluscos com conchas) pertencentes à família dos conidae.

As ilhas da Boavista, Sal e Maio são riquíssimas em cones de rara beleza. Cabo Verde detém 10% das variedades existentes no mundo e algumas são raridades muito procuradas por coleccionadores, chegando a ser vendidas por preços impensáveis.

Como já sabem, uma das minhas paixões é, à semelhança de Jean Piaget, a malacologia [Se também gostam de Malacologia podem visitar o site Malakos]. Conheci em criança um coleccionador de conchas português, que vivia na Boavista. Só em 1983 é que tive o privilégio de visitar a colecção desse indivíduo. Além de pentes tinha bastantes porcelanas e maioritariamente cones. Nesse tempo já ele me dizia que muitas destas espécies não se encontravam mais nos mares da Boavista e lamentava não ter condições para manter a sua colecção.

Hoje, sei da pilhagem que se faz das nossas águas e por isso não quis falar muito deste assunto para não despertar mais curiosidade e apetência para o massacre dos conidae cabo-verdianos. Por isso sorri do facto de se evocar que temos 10% dos "conos" do planeta!

Desisti hoje, dia dos heróis nacionais, de bancar o herói ecológico para abertamente mostrar ao mundo, quão maravilhoso é o património conquífero das nossas águas e apelar a quem de direito que o valorize sem deixar que nos pilhem destas espécies raras.

Valorizar poderia passar pela organização de colecções que seriam expostas em museus do mar, onde pudessem ser contempladas pelos turistas e pelos estudantes de Cabo Verde. A Madeira fez isto e recolhe dividendos. A nossa colecção seria de longe mais valiosa: dêem uma olhada (clique no link) no artigo a respeito que vai publicado no blog "Espaço Cabo Verde". Reparem quantos belíssimos exemplares da colecção apresentada no link seguinte: aqui , são de Cabo Verde.

Se quiserem ver a linda colecção de conchas, que um colega da Universidade do Porto possui, cliquem aqui. Este Professor, de nome Franclim F. Ferreira, possui muitos gostos e paixões, como poderão constatar na sua página. Congratulo-me por ter muitas afinidades e gostos semelhantes ao deste colega (numismática, filatelia, bandeiras, viagens, etc)

2 comentários:

  1. E os policiais que lê? Nada?
    Tem um blog muito interessante.

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  2. Está na hora de agir. Cabe a nós Caboverdeanos preservar a nossa flora e fauna. Principalmente nós estudantes,vamos arregaçar as mangas e lutar pelo que é nosso, com pesquisas voltadas especificamente a nossa ecologia, criaçao de projetos de lei de preservaçao, forums etc..
    engenheiros ambientais, juristas, geógrafos, Biólogos,Polícia lutemos juntos por está e demais causas
    porque só a nós compete cuidar da nossa terra,
    EL E DI NOS.

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