domingo, 27 de abril de 2008

A Ilha dos Escravos e EU

Tive o privilégio de assistir a duas horas de exibição (após duas outras de contratempos com as máquinas e os leitores de DVD que teimavam em disfuncionar) de um excelente filme realizado por Francisco Manso, conhecido realizador português. Falo de "A Ilha dos Escravos". A sessão contou com a presença do actor Milton Gonçalves, o "Tesoura" da trama, que durante as interrupções, nos brindou com seu bom humor e sábias observações.

Este filme gerou bastante expectativas na comunidade cabo-verdiana e sua ante-estreia sobejamente anunciada na blogosfera. Diversas razões podem ser evocadas para justificar tais expectativas, mas eu pessoalmente ansiava por vê-lo, sempre com a vã esperança de poder assistir à eventual cena do julgamento dos insurrectos. Eis um estrato da sinopse:
O filme decorre em Cabo Verde (na ilha de Santiago), durante a primeira metade do século 19, com breves segmentos de extensão a Lisboa e Viena de Áustria e flashbacks, centrados na ilha de Santo Antão e em Salvador, na Baía, pelos fins do século 18.

O levantamento de tropas, na Cidade da Praia, instigado por oficiais desterrados para o arquipélago, em consequência da derrota dos partidários do infante D. Miguel, na guerra civil portuguesa, é o núcleo histórico do filme. Os rebeldes, contrariando as suas próprias convicções anti-liberais, tentaram aliciar para o seu campo a população escrava, à falta de outros meios humanos que lhes corporizem os desígnios.

Conspiração político-militar por um lado, insurreição de escravos por outro, ambas associadas, mas só transitoriamente convergentes, e a mistura não podia ser senão explosiva. Se o núcleo histórico do filme é abertamente conflituoso, o núcleo dramático não o é menos, com uma tecitura melodramática, que nos remete, em pleno, para o período romântico, em que a acção decorre.
E daí? dir-me-ão vós. É que o representante do Ministério Público nessa altura e neste caso, foi João José António Frederico, ilustre personagem que veio a merecer honras de menção e retrato na prestigiada Enciclopédia Luso Brasileira de 1940. Continuam certamente a não entender a minha curiosidade. Têm razão, ainda não vos dissera que este homem de quatro nomes próprios no seu nome, era nada mais nada menos que meu pentavô!
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A actuação de JJA Frederico é digna de nota, pois insurgira-se contra a forma ilegal como os cabecilhas da rebelião foram fuzilados e obteve ganho de causa junto da rainha que destituiu em consequência o Governador intransigente. Faça clique no texto ao lado para ampliá-lo e poder melhor se inteirar da questão em apreço.

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