domingo, 16 de novembro de 2008

Tolerância, Comunismo e Eu

Neste Dia Internacional da Tolerância, deparamos com efemérides de diversos eventos, momentos e pessoas, ligados ao comunismo. Eis alguns exemplos (desta fonte):
  • 1917 - Uma vez vitoriosa em Petrogrado, a revolução russa estende-se rapidamente a todo o país.
  • 1918 - O Império Austro-Húngaro é oficialmente dissolvido e é proclamada a República Democrática Húngara.
  • 1920 - Fim da guerra civil russa: as forças do general Wrangel são derrotadas pelo Exército Vermelho liderado por Leon Trotski.
  • 1922 - Nasce José Saramago, escritor português, prêmio Nobel de Literatura.
  • 1933 - Os Estados Unidos reconhecem oficialmente a URSS.
  • 1965 - A espaçonave Vênus III, lançada pela União Soviética, atinge seu destino, tornando-se a primeira a aterrissar em outro planeta.
  • 1992 - O Partido Democrata Trabalhista, formado por ex-comunistas, vence as eleições na Rússia na primeira disputa depois do fim da União Soviética.
  • 1997 - Morre George Marchais, Secretário Geral do Partido Comunista francês.
Em face disto tudo, não posso deixar de comentar quatro pontos que para mim foram e são marcantes. As condições que impus a este blog não me permitem fazer comentários jornalísticos que não estejam de alguma maneira ligados a aspectos da minha vivência (biográficos). Por isso, isolarei o seguinte:
  1. Tolerância - a primeira vez que me coube reflectir sobre o significado deste vocábulo, foi durante o módulo de Etnologia ministrado no curso do círculo de estudos ultramarinos, já por mim evocado em outro artigo. Esse módulo foi magistralmente conduzido por um sociólogo português de nome Celso João Albuquerque e marcou-me pelo carácter desmistificador sobre ideias preconcebidas a respeito de outros povos e culturas (veja-se o que nos fora dado a conhecer por exemplo sobre as teorias do Prof. Hans Mukarovsky). Contudo, só muito mais tarde, em França, ouvi um colega insurgir-se sobre a palavra tolerância. Dizia ele que quem se diz tolerante, coloca-se em posição de superioridade em relação ao "tolerado"; argumenta ele inquirindo se o tolerante admitiria que um filho seu dissesse: "Papá, eu te tolero quando achas que não devo usar calças de ganga ...". Remata meu amigo que tolerância devia ser substituída por respeito.
  2. Hungria - Em Junho de 1999, tive o privilégio de participar na Conferência mundial sobre Ciência e Tecnologia que se desenrolou em Budapeste. Doravante a cidade de Budapeste, o Danúbio, a Hungria, sua história e sua gastronomia, ficaram indelevelmente marcados na minha memória. De facto, comer um Gulasch ao som de violinos ciganos e a conversar com o então ministro da Ciência e Tecnologia de Portugal, Prof. Mariano Gago, é um momento deveras inolvidável.
  3. Saramago - Não me posso esquecer da 1ª cerimónia de atribuição do grau de Doutor Honoris Causa que assisti. Foi ao insigne escritor, outrora militante do PC e prémio Nobel, José Saramago. A Universidade em questão foi a de Évora. Guardo com carinho um de seus livros, "Evangelho segundo Jesus Cristo", que gentilmente consentiu autografar. A vida e obra deste vulto da literatura lusófona é algo paradigmático e merece ser considerada. Vejamos no entanto parte de uma entrevista consentida à Globo:

  1. Georges Marchais - Para quem viveu em França de 1975 a 1981, é incontornável não esbarrar com esta inpressionante figura que foi o Secretário Geral do Partido Comunista Francês. Nessa altura as minhas convicções pendiam francamente para a esquerda e era um fervoroso adepto deste carismático estadista. Não perdia nenhuma emissão das "Cartes sur Table" de Jean-Pierre Elkabbach e Alain Duhamel, onde Marchais fosse convidado. Eram proverbiais as suas saídas intempestivas e ficou célebre a frase, à guisa da do rei de Espanha,"Taisez-vous, Elkabbach !" que lhe é atribuída. Não há registo porém dessa frase, sendo isto o que mais se lhe assemelha:
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Ao que parece, o humorista francês Tierry le Luron, nas suas impagáveis imitações de Marchais, ter-lhe-á "colado" a frase. Vejamos uma das imitações de Tierry:

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