domingo, 12 de julho de 2009

Modigliani ... tout court!

Por mais que queira fugir às tentações de me inspirar nas efemérides do dia para evocar momentos singulares do meu percurso existencial, não consigo escapar desta vez a mencionar o sublime momento em que assisti a um discreto mas marcante filme: Modigliani (nascido a 12 de Julho de 1884). Eis a sinopse:
Estamos em 1919. A Grande Guerra acabou e a vida nocturna em Paris está cheia de paixão escura e obsessão descontrolada. No café Rotonde, o refúgio dos artistas, encontramos uma mesa, como qualquer outra na história: Picasso, Rivera, Stein, Cocteau, Soutine, Utrila e Modigliani.Esta é a história da rivalidade entre Modigliani (Ande Garcia) e Picasso (Omid Djalili). Dois Homens cuja inveja um do outro é alimentada pelos seus brilhos, arrogâncias e paixões.É também a história da maior tragédia amorosa na história da arte. Jeanine Hebuterne (Elsa Zylberstein) era uma jovem e bonita rapariga católica, cuja única falha, segundo seu pai, foi apaixonar-se por Modigliani, um judeu.O pai de Jeanine envia secretamente para um convento num lugar longínquo o seu filho e de Modigliani.Ao mesmo tempo, Paris prepara-se para a competição anual de Arte. O prémio é dinheiro e uma sólida carreira. Até este momento Picasso e Modigliani nunca concorreram porque eram Picasso e Modigliani. Mas agora Modigliani e Jeanine tém de salvar o seu filho. Bêbado e com raiva, Modigliani inscreve-se na competição. Face a isto Picasso inscreve-se também. Paris torna-se frenética de excitação!
Mas, porque me impressionou este filme? ... Porque, tratando-se das rivalidades entre dois amigos talentosos, com laivos de inveja à mistura e com perfis comportamentais e familiares bem diferentes, me fizeram lembrar os meus primeiros anos de puberdade. Eis o caso:

Meus três últimos anos da escola primária, fi-los numa escola particular, a "escola da Dona Eulália", onde éramos uma quinzena de crianças. Fomos bem treinados e éramos excelentes alunos. Um de meus colegas destacou-se ainda como um chefe de fila, brigão e líder das traquinices. Já nessa altura considerava-me como rival académico. Tornámo-nos amigos, pois nossas mães o eram e frequentávamos as casas um do outro. Um belo dia, em plena sala de aulas, o dito-cujo não gostou de uma das minhas jocosas/sarcásticas provocações e desafiou-me para uma briga, mais tarde, lá na praça (a em frente da minha casa - ver cabeçalho deste blog). Atarracado e com físico de Maradona (até com ele se parecia), meu amigo, rapaz de brigas, iria certamente dar -me uma valente sova! Lembrei-me de que ele gostava de dar socos no ventre do adversário e lá me precavi "forrando" minha barriga com uma tampa metálica duma caixa de chocolates. Porém, antecipando a cena da mão dorida após o 1º soco, não resisti em revelar o "segredo" a um dos outros rapazes, que tinha por leal amigo. Só que este era mais leal ao brigão e no momento H contou-lhe o "segredo". Claro que a primeira coisa que o fulano fez, foi retirar-me a lata, e em seguida iniciar a tal sova. Recusei-me a brigar e o incidente não passou de um soco. Meu pai (brigão no seu tempo) disse-me que eu era sim, um "latoso"!

Quando no ensino secundário entrámos, este meu brigão amigo, rivalizava-se comigo para ser o melhor aluno do ano e da escola. Uma vez, ele apanhou uma melhor média que a minha no 1º período e todo ufano, se vangloriava disso, parecendo um pavão. Nos dois períodos subsequentes, suplantei-o, vindo a ser o melhor aluno do então Ciclo Preparatório. O indivíduo não se continha em verbalismos pouco abonatórios a meu respeito! Isso me dava um grande prazer. Contudo éramos amigos e estudávamos juntos, quer em casa dele, quer na minha. Mandáva-mos buscar de Lisboa, os famosos "pontos" resolvidos, da Porto-Editora e treinávamos juntos a sua resolução. Era uma competição sadia e fazíamos jogo limpo!

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Por isso, a história desse filme trouxe-me estas valiosas recordações. Não foi pela arte de Modigliani, que foi capaz de transformar a beleza de sua mulher (foto à esquerda) nesta pintura (à direita), porém considerada obra-prima.

Vejam agora um extracto do filme onde se vê o genial artista a pintar esse quadro.


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