Hoje, 19 de Julho 2009, olhei pela janela da nossa casa e voei (minha imaginação e memória) até à Lua num Metro flamejante ! Vejamos primeiro o que da janela vi:
Uma imagem contrastante! Entre o verde das copas se denota uma árvore repleta de flores vermelho-lume. A beleza dessa árvore, contrasta também com "aquela coisa" feia, no centro de um canteiro sem plantas, poeirento e atapetado de placas de cimento.
A árvore em destaque, é conhecida no seio dos entendidos, por acácia rubra. Minha mãe ensinou-me se tratar da árvore de Santo António, por florir no mês de Junho, encontrando-se no seu apogeu floral, por ocasião do 13 desse mês, dia de Santo António. Esta árvore é originária da ilha de Madagáscar e é muito vista por todo o mundo lusófono. Seu nome científico é Delonix regia devido à sua majestade (regia) e ao evidente (do Grego delo) aspecto ungulado (do Grego onix) de suas flores. Flamboyant é o nome francófono, a fazer jus à sua presença flamejante e ao caracter exuberante (palavra aplicável à árvore e a pessoas). Esta árvore embeleza sobremaneira as nossas paisagens, como podem ver na foto ao lado, tirada em São Jorge dos Órgãos.
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Flamejantes seriam também as chamas do Apolo 11, a missão espacial histórica cujos 40 anos se celebram nestes dias. Amanhã, dia 20 de Junho, completam-se 40 anos após a primeira vez que o ser humano pisava o solo lunar. "That's one small step for a man, one giant leap for mankind" a emblemática frase de Neil Armstrong que assinalava este extraordinário facto:
Tinha eu 11 anos quando isto aconteceu. Nessa altura, alcatroavam-se as ruas da Praia (a cidade limitava-se ao que agora se chama de "Plateau"). Lembro-me de passar horas esquecidas a observar a máquina alcatroadora e seu operador mor, a "regar" de alcatrão líquido, pegajoso e fumegante, o leito de gravilha colocado sobre o pavimento calcetado das ruas. O tal operador, era um Português típico, baixo, anafado, sanguíneo, de patilhas acentuadas, chapéu negro e casaco ensebado de pele. Talvez Alentejano, lá estava ele a alcatroar as ruas do "Ténis" (então bairro da cidade) quando, conversa puxa conversa, lhe disse eu que o Homem acabava de poisar na Lua. Maldito momento esse em que resolvi dar essa notícia. O homem ficou danado, chamou-me de aldrabão, e à medida que insistia eu na notícia, mais vermelho ficava até que me enxotou com o casaco dizendo não admitir que um pirralho fizesse pouco dele! NB: há quem até hoje não acredita e há quem alegue que foi tudo uma encenação forjada (ver aqui). Mas podem ler aqui a contra-resposta.
Corri logo para a praça em frente da casa de minha avó. Gostávamos de brincar nessa praça, cheia de lugares para se esconder, como n' "aquela coisa" de que vos falei no início deste artigo. Vejam-na na foto ao lado; tratava-se de uma casa de banho pública subterrânea, naquela época bem cuidada, cheirando a creolina. Nhu Pedro, o guarda zarolho e coxo que de vara em riste nos afugentava dos canteiros, não deixava que nenhum andrajoso fosse para lá dormir, ou fazer coisas que não devia. Anos depois, já após a Independência, este local passou apenas a mictório (engraçada a placa que "em bom português" ostentava a palavra "urinor"). Quando se transformou num lugar ainda mais fétido e covil para vícios inconfessáveis, o subterrâneo foi pela edilidade de então, literalmente gradeada!
Esse urinório, pelo seu carácter subterrâneo e pelo aspecto de sua entrada, evocava o Metropolitano. Era o "Metro da Praia" para as crianças jocosas da pequena burguesia da época. Havia mesmo quem acreditasse e fizesse a ingénua pergunta: "Onde é que vai dar?" a que respondíamos divertidos: "à Praia-Negra!" (NB: o local onde iam cair os esgotos municipais). A propósito, hoje é aniversário da inauguração do Metro de Paris. Conhecido originalmente como o "Chemin de Fer Métropolitain", começou a operar em 19 de Julho de 1900 com apenas oito estações da Linha 1, ligando a zona leste à oeste: Porte de Vincennes a Porte Maillot. Várias vezes fiz este percurso, quando estudava em Paris; ainda (em 1981) a linha tinha algumas carruagens de 1900!
Por todas estas recordações e efemérides do dia, é que minha imaginação "foi à Lua num Metropolitano flamejante!"
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A árvore em destaque, é conhecida no seio dos entendidos, por acácia rubra. Minha mãe ensinou-me se tratar da árvore de Santo António, por florir no mês de Junho, encontrando-se no seu apogeu floral, por ocasião do 13 desse mês, dia de Santo António. Esta árvore é originária da ilha de Madagáscar e é muito vista por todo o mundo lusófono. Seu nome científico é Delonix regia devido à sua majestade (regia) e ao evidente (do Grego delo) aspecto ungulado (do Grego onix) de suas flores. Flamboyant é o nome francófono, a fazer jus à sua presença flamejante e ao caracter exuberante (palavra aplicável à árvore e a pessoas). Esta árvore embeleza sobremaneira as nossas paisagens, como podem ver na foto ao lado, tirada em São Jorge dos Órgãos.
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Flamejantes seriam também as chamas do Apolo 11, a missão espacial histórica cujos 40 anos se celebram nestes dias. Amanhã, dia 20 de Junho, completam-se 40 anos após a primeira vez que o ser humano pisava o solo lunar. "That's one small step for a man, one giant leap for mankind" a emblemática frase de Neil Armstrong que assinalava este extraordinário facto:
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Tinha eu 11 anos quando isto aconteceu. Nessa altura, alcatroavam-se as ruas da Praia (a cidade limitava-se ao que agora se chama de "Plateau"). Lembro-me de passar horas esquecidas a observar a máquina alcatroadora e seu operador mor, a "regar" de alcatrão líquido, pegajoso e fumegante, o leito de gravilha colocado sobre o pavimento calcetado das ruas. O tal operador, era um Português típico, baixo, anafado, sanguíneo, de patilhas acentuadas, chapéu negro e casaco ensebado de pele. Talvez Alentejano, lá estava ele a alcatroar as ruas do "Ténis" (então bairro da cidade) quando, conversa puxa conversa, lhe disse eu que o Homem acabava de poisar na Lua. Maldito momento esse em que resolvi dar essa notícia. O homem ficou danado, chamou-me de aldrabão, e à medida que insistia eu na notícia, mais vermelho ficava até que me enxotou com o casaco dizendo não admitir que um pirralho fizesse pouco dele! NB: há quem até hoje não acredita e há quem alegue que foi tudo uma encenação forjada (ver aqui). Mas podem ler aqui a contra-resposta.
Corri logo para a praça em frente da casa de minha avó. Gostávamos de brincar nessa praça, cheia de lugares para se esconder, como n' "aquela coisa" de que vos falei no início deste artigo. Vejam-na na foto ao lado; tratava-se de uma casa de banho pública subterrânea, naquela época bem cuidada, cheirando a creolina. Nhu Pedro, o guarda zarolho e coxo que de vara em riste nos afugentava dos canteiros, não deixava que nenhum andrajoso fosse para lá dormir, ou fazer coisas que não devia. Anos depois, já após a Independência, este local passou apenas a mictório (engraçada a placa que "em bom português" ostentava a palavra "urinor"). Quando se transformou num lugar ainda mais fétido e covil para vícios inconfessáveis, o subterrâneo foi pela edilidade de então, literalmente gradeada!
Esse urinório, pelo seu carácter subterrâneo e pelo aspecto de sua entrada, evocava o Metropolitano. Era o "Metro da Praia" para as crianças jocosas da pequena burguesia da época. Havia mesmo quem acreditasse e fizesse a ingénua pergunta: "Onde é que vai dar?" a que respondíamos divertidos: "à Praia-Negra!" (NB: o local onde iam cair os esgotos municipais). A propósito, hoje é aniversário da inauguração do Metro de Paris. Conhecido originalmente como o "Chemin de Fer Métropolitain", começou a operar em 19 de Julho de 1900 com apenas oito estações da Linha 1, ligando a zona leste à oeste: Porte de Vincennes a Porte Maillot. Várias vezes fiz este percurso, quando estudava em Paris; ainda (em 1981) a linha tinha algumas carruagens de 1900!
Por todas estas recordações e efemérides do dia, é que minha imaginação "foi à Lua num Metropolitano flamejante!"
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