domingo, 6 de abril de 2008

Que faz Gilberto Freyre em casa da minha bisavó Ludovina da Graça Rezende?

Em primeiro lugar, quem foi Gilberto Freyre? foi um sociólogo, antropólogo e escritor brasileiro, considerado um dos grandes nomes da história do Brasil (não confundir com Paulo Freire, um grande pedagogo, também brasileiro). Nascido em 1900 (ver sua biografia aqui), Gilberto Freyre notabilizou-se ao publicar em Dezembro de 1933 Casa-Grande & Senzala , seu primeiro livro, um autêntico "best seller". Nesse livro, Freyre centra sua temática sociológica na relação entre o colonizador branco e o escravo, defendendo que a miscigenação era um factor positivo na construção da cultura brasileira. Visita Cabo Verde em Outubro de 1951 e cria o conceito de "luso-tropicalismo". O resultado do périplo por antigas possessões portuguesas deu origem a um outro livro de Freyre: "Aventura e Rotina". Este suscitou em 1956 uma reacção de protesto em Baltasar Lopes (ver referência aqui) que gerou polémica durante e ainda por muitos anos.

Gilberto Freyre aproveitou a ocasião de sua curta estadia em Cabo Verde para visitar minha bisavó Ludovina! Isto porque Freyre também era historiador e, sabendo que José de Rezende Costa, um dos "inconfidentes mineiros", tinha sido deportado para Cabo Verde, quis conhecer os descendentes dos mesmos. Efectivamente, minha bisavó, Ludovina da Graça Rezende, era bisneta do comendador José de Rezende Costa. Na fotografia que apresentei no início, pode-se ver Freyre do lado direito, atrás de Ludovina, a octogenária sentada ao centro. Ao lado de Freyre distingue-se Francisco Rezende Mascarenhas, filho de Ludovina e meio-irmão de Filomena Cândida Rezende, a senhora idosa do lado direito. A jovem senhora do lado esquerdo é a minha mãe Esther Santos, neta de Ludovina.

A foto que agora apresento aqui à direita, é uma espécie de "matrioska" onde eu que estou ao colo de Ludovina, saí de dentro de Esther, que saiu de dentro de Cândida, que por sua vez saiu de dentro de Ludovina (fica assim provada, a minha ascendência inconfidente!).

Como já tinha evocado anteriormente, os Rezende provieram do Brasil (ainda voltarei a esta história) e Ludovina Rezende é um dos seus mais paradigmáticos descendentes (voltarei ainda um belo Domingo para homenagear convenientemente minha bisavó). Por agora termino dizendo que Gilberto Freyre deixou uma fundação com seu nome, a Fundação Gilberto Freyre, e que tive o privilégio de corresponder com o filho (já falecido), então presidente da fundação.

Aqui vai um clip de vídeo que fala da Fundação e de Gilberto:


4 comentários:

  1. Muito interessante. Gabo-te a arqueológica paciência. Sugiro-te que transformes todos estes nomes e factos numa saga familiar. Há material que chegue.

    Este meu comentário é só para te dizer que adorei a 'foto matrioska', mas mais ainda a ideia. Bem apanhada!
    Abç's

    ResponderEliminar
  2. Com que alegria leio estas linhas que ligam o meu avô (Gilberto Freyre) à Cabo Verde. Se falamos em genealogia, sou filha do filho dele, já falecido, Fernando, com que você se correspondeu na Fundação. Hoje sou Psicóloga e Socióloga e estou no meio de um doutoramento em Antropologia e digo que herdei do meu avô Gilberto não só o gosto em estudar o homem, mas também o (bom) gosto de querer bem a Cabo Verde... em dezembro devo estar por estas bandas bonitas...
    Felicitações muitas e um abraço brasileiro,
    Kika Freyre.

    ResponderEliminar
  3. Que bom Kika, ler estes seus comentários amigos. Não deixe de me procurar quando visitar "estas bandas bonitas".
    Caboverdianamente,
    Jorge

    ResponderEliminar
  4. Combinado.... quando estiver em terreno caboverdeano, soprarei aos ventos o seu nome para que me levem até você...
    Ficarei bem feliz.... ainda mais agora que virei sua leitora de blog.... me deliciando entre receitas e borboletas..... Eu também tenho uma coleção de borboletas azuis... e talvez os ventos atlanticos nos façam encontrar através delas....
    Um abração,
    tudo de bom!
    Kika.

    ResponderEliminar